A juventude brasileira celebrará no dia 30 de outubro a 26ª edição do Dia Nacional da Juventude (DNJ)
“Os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas,
mas jamais conseguirão deter a primavera inteira.”
(Che Guevara)
Em outubro de 2010, a juventude brasileira viveu de forma intensa o jubileu de 25 anos de celebração do Dia Nacional da Juventude, popularmente conhecido como DNJ. Um caminho percorrido ao longo da história pelas Pastorais da Juventude e trilhado pelos/as próprios/as jovens e amigos/as da juventude em todas as regiões do Brasil.
O DNJ começou em 1985, motivado pela declaração da ONU, do Ano Internacional da Juventude, lideranças da Pastoral da Juventude ousaram e iniciaram a celebração do DNJ com o lema “construindo uma nova sociedade”. As mesmas lideranças também decidiram que a partir deste ano, no final de outubro aconteceria anualmente o Dia Nacional da Juventude. Passadas algumas edições do DNJ, a Igreja do Brasil assumiu-o como “atividade permanente” da CNBB.
Nestes 25 anos de história, muito aconteceu! Nos mais diversos espaços das dioceses brasileiras, muitas pessoas e organizações se envolveram na realização do DNJ. Muitos foram os temas abordados enriquecendo a cada ano a história do DNJ e animando a juventude na defesa da vida. Os principais eixos abordados foram: sociedade, terra, participação, educação, trabalho, América Latina, ecologia, AIDS, cultura, cidadania, direitos humanos, dívidas sociais, políticas públicas, meio ambiente, meios de comunicação, extermínio da juventude e celebrando a memória - transformando a história. Para explicar o porquê das temáticas listadas, utilizo de parte do texto do Pe. Hilário Dick sobre o jubileu do DNJ:
“[...] pode-se dizer que atrás dos temas dos Dias Nacionais de Juventude se esconde a história deles. Os temas nunca foram intra-eclesiais. Os DNJs encarnam o espírito missionário dos grupos de jovens das Pastorais de Juventude do Brasil falando das realidades que machucam a juventude e o povo em geral, e que nunca foram, simplesmente, um “para nós”, mas um “para a juventude”, vivendo a vocação de fermento na sociedade. Só quem compreende este espírito vai compreender porque o DNJ não tem e nunca teve como temas centrais Jesus Cristo, Igreja, Sacramentos, Eucaristia ou outros temas mais teológicos. Não que se negue a esses, mas o que se afirma é a necessidade de apresentar uma Teologia e uma Espiritualidade que se mistura com a realidade juvenil e do povo.”
Por ocasião da comemoração dos 25 anos do DNJ algumas iniciativas foram feitas como meio de potencializar ainda mais a vivência deste marco da ação pastoral juvenil. Dentre elas destacamos duas ações muito significativas, o site criado pela Rede Brasileira de Centros e Institutos de Juventude, espaço com muitas informações sobre a história dos DNJs, mensagens por ocasião do jubileu e materiais para auxiliar a vivência da atividade. Estes materiais podem ser conferidos no endereço: www.dnj25anos.redejuventude.org.br. A outra ação a ser destacada foi feita pela Pastoral da Juventude, por meio de um grande mapeamento nas dioceses brasileiras, relatando quantidades, locais, organizadores dos DNJs no país. O envolvimento da juventude nas duas iniciativas foi além das expectativas e após a conclusão dos estudos no mapeamento, apresentamos alguns dados do DNJ em 2010.
Mapeando o jubileu...
Durante cerca de seis meses, outubro/10 a março/11, recebemos informações a cerca dos DNJs realizados. Os conteúdos chegaram pelo e-mail criado para o mapeamento, pelo site da Pastoral da Juventude e também por mensagens de lideranças nos e-mails e redes sociais.
Destaca-se no mapeamento a participação das coordenações de PJ nos regionais da CNBB, elencando informações de todos os estados brasileiros, trazendo um cenário de todo o território nacional. A partir deste envolvimento e do quantitativo mapeado, poderemos afirmar com mais exatidão que o DNJ continua sendo a maior ação pastoral juvenil no Brasil.
Em 2010, o DNJ reuniu cerca de 200 mil pessoas em 164 dioceses, sendo que somente 20 dioceses retornaram com a informação de que não realizaram a atividade e o restante não obtivemos informações precisas. Acreditamos que o número pode ser muito maior, podendo aumentar significativamente, ainda mais pelo fato que a motivação para o mapeamento foi mais interna do que externa, a comunicação da PJ ainda precisa ser potencializada e também o formato utilizado foi apenas virtual. Com a evolução de nossos trabalhos, podemos com certeza, em uma próxima oportunidade alcançar muitas dioceses sem acesso à comunicação adequada ou que até então estavam sem o contato com a organização regional.
A iniciativa também trouxe informações importantes quanto à organização do DNJ no Brasil, das 164 dioceses que realizaram a atividade a PJ organizou em 73%, em 119 dioceses. Nas 45 dioceses restantes, 27% do mapeado, o evento foi organizado em conjunto pelo Setor Juventude diocesano.
Os cinco regionais com maior mobilização foram o Leste 2 (MG e ES) com 31% (63.000), seguido do Nordeste 3 (BA e SE) com 16% (32.000), Sul 2 (PR) com 14% (28.050), Sul 1 (SP) com 8% (16.000) e Nordeste 1 (CE) com 4% (8.000).
Analisando as dez dioceses que mais mobilizaram pessoas, podemos destacar que temos envolvidos quatro regionais, sendo que nas cinco primeiras temos apenas dois regionais. Das dez dioceses destacamos também em apenas três temos a organização do Setor, nas outras sete temos a PJ a frente do DNJ. Listando as dioceses temos em primeiro lugar um número expressivo a Igreja local de Juiz de Fora, MG (Leste 2) com 20 mil; seguida das dioceses do Sul 2 Maringá, PR com 7,5 mil e Umuarama com 7 mil; o Leste 2 tem mais cinco dioceses, sendo as três primeiras com 5 mil pessoas cada uma Cachoeiro de Itapemirim e São Mateus no Espírito Santo e Mariana em Minas Gerais, já Itabira/Coronel Frabiciano, MG e Vitória, ES reuniram 4,5 mil pessoas cada uma; Serrinha, BA no regional Nordeste 3 (BA e SE) reuniu também 5 mil pessoas; e concluindo as dez dioceses com maior mobilização do Brasil, temos Ji-Paraná, em Rondônia no regional Noroeste, com a participação de 4 mil pessoas.
Diante dos números apresentados, podemos afirmar que após a publicação do Documento 85 da CNBB e com a efetivação dos Setores de Juventudes diocesanos, algumas iniciativas e em especial o DNJ começa a ter o envolvimento maior de outras expressões juvenis, principalmente na sua organização, porém, continua sendo uma atividade organizada e movimentada pelas Pastorais da Juventude, ainda mais por se tratar do contexto histórico e da própria identidade das PJs, diferente da proposta dos movimentos, novas comunidades e outras organizações juvenis. Mesmo assim, vale destacar que o envolvimento de outras expressões juvenis na organização do DNJ é muito significativo e mostra a unidade vivida na evangelização juvenil.
O mapeamento foi uma iniciativa simples, possível e concreta da PJ, na busca de favorecer cenários da realização do DNJ nas dioceses e regionais no Brasil. Contou com fragilidades próprias do processo e poderá em uma próxima oportunidade aprimorar a ação e contribuir ainda mais na realização desta importante atividade.
2011, mais uma primavera
No dia 30 de outubro de 2011 a juventude brasileira celebrará mais uma primavera do dia mais juvenil do ano. Após o mapeamento, podemos afirmar que o Dia Nacional da Juventude é a atividade católica que consegue reunir o maior número de jovens em um único dia (ou período) em todos os estados brasileiros, em muitas dioceses do Brasil. Com certeza, temos algumas iniciativas de expressões juvenis com muita relevância, porém, acontecem em apenas um local, o DNJ não! Ele tem a capacidade de criar unidade da juventude do sul com o norte, do leste com o oeste. Todos/as realizando a mesma atividade de acordo com suas realidades, refletindo o mesmo tema. Sinal de que independente da região, sotaque, expressão juvenil que participa o importante é celebrar e anunciar a vida da juventude.
Na 26ª primavera do DNJ, somos convidados/as a refletir sobre o tema "Juventude e protagonismo feminino", tendo como lema "Jovens mulheres tecendo relações de vida". de refletir sobre a presença e vida das mulheres, em especial das jovens mulheres de nossa sociedade.
É hora de continuar fazendo acontecer! Que venham mais primaveras, que venham mais trintas de outubro, que venham mais Dias Nacionais da Juventude! Não podemos desanimar, é hora de ter coragem, assim como nos convida o saudoso Guimarães Rosa: “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”
aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”
Joaquim Alberto Andrade Silva
Comissão Nacional de Assessores/as da Pastoral da Juventude
joaquimaasilva@gmail.com
@joaquimaasilva
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