Em tempos de direitos acometidos, de vidas ceifadas, de
lideranças atuando como falsos profetas, difundido mentiras e semeando ódio. Temos
cotidianamente várias expressões de violência sendo efetivadas, são crianças,
adolescentes, jovens, idosos, homens, mulheres, brancos, negros e índios sendo
vítimas de um sistema que explora, exclui e mata! São milhares de cidadãos e
cidadãs privados do seu direito de sonhar e de viver.
É neste cenário conflituoso em que milhares de brasileiros e
brasileiras sofrem brutalmente ataques que se apresentam como uma maldição que
envolve, sobretudo, a classe trabalhadora, as minorias marginalizadas, e as
pessoas mais empobrecidas de nosso país. Neste sentido fica evidente que
estamos em momento de guerra, notoriamente em um tipo de guerra marcada pela
luta de classe.
No Brasil, o ano de 2016, ficará registrado na história como
aquele em que a manipulação midiática, a alienação política, a política
elitista, a busca pelo poder a qualquer custo, a valorização do capital em
detrimento dos indivíduos colocou em cheque os direitos duramente conquistados
e estabelecidos na Constituição Federal de 1988. Neste caso, estamos falando de
um expressivo retrocesso, que se deu com “a morte da jovem democracia”.
Pois bem, o ano iniciou com grande articulação que permeava o
campo do direito e o campo político. No entanto, questões de gênero era
claramente um fator que se constituía como pano de fundo nesta articulação
irresponsável, egoísta, injustiça e machista.
É sabido que o enfrentamento a qualquer tipo de corrupção demanda
seriedade, e se faz urgente e necessária. No entanto, deve ser executado com
coerência e legitimidade. Neste ponto, refiro-me as atrocidades que envolveram
o processo de impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff, processo esse
que tenho muitos questionamento que vem sendo respondido através das políticas
estabelecidas pós processo de impeachment.
Neste caso, ainda fico a pensar...
Seria um golpe parlamentar para ocupar o poder e instituir no
país a política de estado mínimo, estado de recessão? Seria uma forma de
evidenciar que o estado deve estar a serviço do capital e não a serviço do
povo? Seria um ato de demonstrar que a política é um lugar para ser ocupado por
homens e burgueses? São muitos meus questionamentos, mas uma coisa é certa...
foi um golpe de mestre para estimular e garantir o desmonte do estado,
inspirado numa proposta de precarização do trabalho, da saúde, da educação e
ampliação das desigualdades sociais.
Contudo, este tempo deveria estar marcado por desesperança,
mas não!
Na luta diária pela sobrevivência na periferia de Ouro Preto,
nas experiências adquiridas nos trabalhos dentro das comunidades de base, na
vida em comunidade, na militância política partidária, no envolvimento com as
causas populares em defesa da garantia e da promoção dos direitos humanos, nos
trabalhos frente as pastorais sociais... o aprendizado foi grande, aprendi com
mestres e doutores do meio popular que outro mundo é possível, mas para que ele
aconteça temos que lutar!
Entende-se que nossa voz quanto classe trabalhadora e
minorias precisa se unir em coro para que possa ecoar, não basta ser um gemido
é preciso ser um grito forte, que clama e exija que a vida seja digna para
todos e todas.
Sendo assim, hoje me encontro num estado de indignação e
resistência, por reconhecer que vivo em uma nação que não respeita sua
população. Sociedade esta que se instalou um governo ilegítimo a serviço dos
interesses financeiros, que necessariamente precisa ser destituído ou entrar no
rumo certo da política que visa o bem comum. É por acreditar que a política é a
via para a justiça social e para o desenvolvimento justo, que não me retiro da
luta, na perspectiva de lutar sempre e temer jamais. Sendo povo oprimido
combatendo os poucos opressores que dominam o mundo com suas riquezas materiais
e egoísmo mutuo.
Continua acesa em mim a chama da coragem, do amor e da
esperança. Sendo assim, sou estimulada, pela experiência e opção de vida, a
continuar a luta que visa colaborar na construção de uma sociedade mais justa e
fraterna, onde a vida esteja em primeiro lugar. Combatendo com coerência as
imposições deste sistema capitalista, nesta nação, hoje, governada pela mídia e
pelos financiadores da morte, com raras exceções, enfrentado com firmeza e com espírito
coletivo a serviço da vida as mazelas que marcam este tempo.
Visto que a construção de outro mundo possível, passa pelas
mãos de cada um e cada uma, ao se reconhecer como sujeitos e protagonistas de
sua história individual, tendo essa, grande interferência na história coletiva.
É importante que esta história não seja registrada e contada apenas pelos
vencedores que compõe a elite brasileira, assim como tem sido, desde sempre, como
por exemplo aquela história que omite e criminaliza a fundamental e importante
participação do povo negro e indígena na construção da sociedade brasileira.
Não é por acaso, que sigo firme como mulher, professora,
negra, pobre e da periferia pautando as razões do nosso viver, tendo em vista
que quem luta com fé e esperança alcançará a vitória!
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