segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

PARQUE IBITIPOCA

CLIMA E PLUVIOMETRIA





“araucária (...) nesta viagem comecei a rever esta árvore nas margens do Riacho Brumado, e encontrei perto da fazenda do Tanque e de Ibitipoca (...) a araucária funciona como uma espécie de termômetro.”Auguste de Saint Hilaire, 1822.







Em Ibitipoca, a influência do relevo sobre o clima é muito importante à altitude e a topografia são diferenciadas e sobressaem-se localmente em relação às áreas vizinhas, originando um clima singular. A distribuição geral das temperaturas e pluviosidade são muito influenciadas pelas altitudes e formas de relevo. Contrastam, numa área relativamente pequena, microclimas e topoclimas com variações consideráveis de umidade, calor, ventos e até mesmo chuva, influenciando na distribuição dos organismos.







Os microclimas são diversificados pela grande quantidade de paredões, vales em garganta, grutas, pontes naturais, pequenos adensamentos arbustivos ao longo dos cursos d’água ou em concavidades do relevo, exposição de vertentes (portanto várias faces de exposição à luz) e de variação das declividades, bem como pela variedade de adensamentos de vegetação. Há uma grande diferença no total de pluviosidade entre os arredores e o Parque, porém, dentro dele, as chuvas (assim como a umidade relativa do ar) se distribuem com relativa homogeneidade, se comparadas às áreas mais baixas (abaixo de aproximadamente 1.100m de altitude).





As diferenças de pluviosidade entre um topoclima e outro são suficientes para influenciar na distribuição dos organismos, se aliada às características físicas do ambiente (formas de relevo, propriedades e estruturas dos constituintes dos solos e litologia e estrutura da vegetação), pois a água essencial para todas as formas de vida. Constitui-se no fator mais importante para distribuição de umidade. Os conjuntos de vegetação da Serra do Ibitipoca, especialmente a partir de aproximadamente 1.600m, estão mais vulneráveis os fortes ventos, o que significa que esses locais se ressecam mais fácil ente, principalmente no inverno, quando os ventos são ainda mais velozes, e a pluviosidade diminui, contribuindo para o estresse hídrico dos solos.


O inverno apresenta períodos de seca, que duram, em média cinco dias, intercalados por cerca de um a três dias úmidos (com pluviosidade em média, nestes dias “úmidos” de 5mm/dia) Esses períodos de seca são suficientes para restringir o avanço das espécies de plantas e animais para as áreas que apresentem menor capacidade de retenção de água.










As estações de outono e primavera mantém uma média diária de chuvas por volta de 30 mm/dia, com geralmente, no máximo, dois dias de seca. Parece haver uma faixa de maior quantidade de precipitação pluviométrica nas áreas entre 1.300 e 1.500m de altitude (de mata e adensamento arbustivo), aproximadamente. Isso ocorre porque os ventos vindos de sul, sudoeste, mais continentais e frios, (e o principal vale, entre as duas cristas anticlinais, está voltado para o sul) formam correntes escendentes nas vertentes do vale do Rio do Salto, aumentando a nebulosidade.
As médias da umidade relativa do ar mantêm-se altas durante todo o ano e praticamente em todas as áreas do Parque, com pequenas diferenças de aproximadamente 5% a menos para os períodos mais frios e secos. Ocorre aumento da umidade relativa do ar através das nuvens formadas por orografia (ascensão do ar, ventos e formação de nebulosidade por influência da forma de relevo montanhoso) e, com isso, tempestades e chuvas isoladas e aumento da altura da pluviosidade mensal em cerca de 200mm com relação aos arredores da área do Parque. As temperaturas diminuem cerca de 0,5°C a cada 100m de altitude em direção aos altos nos períodos mais frios e secos, e cerca de 0,4°C nos períodos mais quentes e úmidos.


Texto: Dra. Luciana Graci Rodela (Doutora em Geografia Física)

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